quarta-feira, 25 de outubro de 2023

SEE - MG (2023): Sartre, Raça, Classe

O preto, como o trabalhador branco, é vítima da estrutura capitalista de nossa sociedade; tal situação desvenda-lhe a estreita solidariedade, para além dos matizes da pele, com certas classes de europeus oprimidos como ele; incita-o a projetar uma sociedade sem privilégio em que a pigmentação da pele será tomada como simples acidente. Mas, embora a opressão seja única, ela se circunstancia segundo a história e as condições geográficas: o preto sofre o seu jugo, como preto, a título de nativo colonizado ou de africano deportado. E, posto que o oprimem em sua raça, e por causa dela, é de sua raça, antes de tudo, que lhe cumpre tomar consciência. Aos que, durante séculos, tentaram debalde, porque era negro, reduzi-lo ao estado de animal, é preciso que ele os obrigue a reconhecê-lo como homem. Ora, no caso, não há escapatória, nem subterfúgios, nem passagem de linha a que possa recorrer; um judeu branco entre os brancos pode negar que seja judeu, declarar-se homem entre homens. O negro não pode negar que seja negro ou reclamar para si esta abstrata humanidade incolor: ele é preto. Fonte: SARTRE, Jean- Paul. Orfeu negro. In: Reflexão sobre o racismo. São Paulo: Difel, 1960, p. 111. 

De acordo com trecho, assinale a afirmativa que interpreta corretamente a concepção de Sartre sobre os conceitos de raça e classe. 

(A) Subestima a experiência histórica como determinante para confirmar a coesão presente no significado de classe. 

(B) Reproduz o discurso de democracia racial ao considerar única a opressão sofrida pelos grupos sociais. 

(C) Estabelece relação entre raça e classe compreendendo sua indissociabilidade para reivindicação de direitos. 

(D) Reduz a noção de raça a classe social ao identificar a opressão aos negros como socioeconômica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário