segunda-feira, 22 de agosto de 2022

INDÚSTRIA CULTURAL

 

Indústria Cultural

 

Antigamente, a arte procurava expressar a realidade, as emoções e, até mesmo, o abstrato. A arte era marcada enquanto tal por carregar consigo tanto um conteúdo quanto uma forma que eram uma expressão de mundo, únicos e originais. O observador era levado a contemplar, meditar e elevar o espírito. Contudo, em geral, a arte era voltada apenas para a nobreza, que tinha acesso tanto físico quanto a bagagem cultural necessária para apreciá-la.

Com o advento dos meios de comunicação de massa (Mass Media), a pode se beneficiar da imprensa, do rádio e da televisão. Agora, o observador não precisava mais viajar até a Capela Sistina, no Vaticano, para contemplar o teto pintado por Michelângelo, mas poderia visualizá-lo numa revista, sentado no sofá de casa. O mesmo ocorreu com as orquestras e óperas. Ao invés de salas de concerto ou de ópera a pessoa poderia ouvir através do radinho de casa.

Contudo, permaneciam diferenças entre este novo público e as elites. A primeira é que a qualidade e o impacto da arte através de meios de comunicação de massa não é o mesmo que pessoalmente. A segunda é que, enquanto as elites possuíam com suas riquezas a educação necessária para a apreciação, faltava para as classes populares este capital cultural.

Diante disso, para atingir e lucrar com o grande público, a arte transmitida pelos meios de comunicação de massa passou por transformações radicais. Por exemplo, o objetivo passou da contemplação para o entretenimento alienante. Além disso, a originalidade foi substituída por fórmulas de sucesso, repetitivas e previsíveis.

Em suma, com os meios de produção e comunicação de massa, a arte entrou na lógica do capital e passou a ser divulgada sob a égide do lucro com uma qualidade duvidosa e consumida irrefletidamente pelas multidões, forjando nelas ideologias que eram falsas representações da realidade.

Esse fenômeno foi analisada pela Escola de Frankfurt, na Alemanha. Os autores que cunharam o termo “indústria cultural” para conceituá-lo foram Theodor Adorno e Max Horkheimer. Leia abaixo uma questão da UFPR a respeito.

 

UFPR2016/2017 - Leia os fragmentos abaixo do livro intitulado “A indústria cultural” escrito por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer:

Tudo indica que o termo “indústria cultural” foi empregado pela primeira vez no livro Dialética do esclarecimento, que Horkheimer e eu [Adorno] publicamos em 1947, em Amsterdã. Em nossos esboços, tratava-se do problema da cultura de massa. Abandonamos essa última expressão para substituí-la por “indústria cultural”, a fim de excluir de antemão a interpretação que agrada aos advogados da coisa; estes pretendem, com efeito, que se trata de algo como uma cultura surgindo espontaneamente das próprias massas, em suma, da forma contemporânea da arte popular. Ora, desta arte a indústria cultural se distingue radicalmente. (ADORNO, 1986, p. 92). [...] As mercadorias culturais da indústria se orientam, como disseram Brecht e Suhrkamp há já trinta anos, segundo o princípio de sua comercialização e não segundo seu próprio conteúdo e sua figuração adequada. Toda a prática da indústria cultural transfere, sem mais, a motivação do lucro às criações espirituais. A partir do momento em que essas mercadorias asseguram a vida de seus produtores no mercado, elas já estão contaminadas por essa motivação. (ADORNO, 1986, p. 92) [...] O que na indústria cultural se apresenta como um progresso, o insistentemente novo que ela oferece permanece, em todos os seus ramos, a mudança da indumentária de um sempre semelhante; em toda parte a mudança encobre um esqueleto no qual houve tão poucas mudanças como na própria motivação do lucro desde que ela ganhou ascendência sobre a cultura. (ADORNO, 1986, p. 94) […] A satisfação compensatória que a indústria cultural oferece às pessoas ao despertar nelas a sensação confortável de que o mundo está em ordem frustra-as na própria felicidade que ela ilusoriamente lhes propicia. O efeito do conjunto da indústria cultural é o de uma antidesmistificação, a de um anti-iluminismo; […] Ela impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. Mas estes constituem, contudo, a condição prévia de uma sociedade democrática, que não poderia salvaguardar e desabrochar senão através de homens não tutelados. (ADORNO, 1986, p. 99) (ADORNO, Theodor W. A indústria cultural. In: COHN, Gabriel (org.). Adorno, Theodor W. São Paulo: Ática, 1986.)

 

1. Por que Adorno substituiu a expressão “cultura de massa” por “indústria cultural”?

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2. Segundo o texto, o que orienta a produção industrial da cultura? Qual a motivação da indústria cultural?

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3.Leia a frase a seguir: “O que na indústria cultural se apresenta como um progresso, o insistentemente novo que ela oferece permanece, em todos os seus ramos, a mudança da indumentária de um sempre semelhante; em toda parte a mudança encobre um esqueleto no qual houve tão poucas mudanças como na própria motivação do lucro desde que ela ganhou ascendência sobre a cultura”. Em outras palavras, qual a característica marcante da indústria cultural aí expressa?

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4. Segundo o texto, a indústria cultural contribui para uma democracia efetiva na garantia dos direitos dos cidadãos? Justifique sua resposta.

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